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Revolta silenciosa: desafiando a escravidão no Brasil Colonial

Princesa africana da nação de Cabinda, no norte de Angola, Zacimba Gaba foi uma figura importantíssima para a história da libertação negra no Brasil. 

Zacimba comandou seu povo na luta contra as invasões portuguesas, mas acabou por ser levada pelos portugueses para o Brasil em 1690, junto com alguns dos seus súbditos. Foi vendida junto com 12 pessoas de Cabinda ao fazendeiro José Trancoso, cuja fazenda estava localizada em Espírito Santo. 

Mesmo na condição de escravizada, Zacimba Gaba manteve-se altiva e seus súditos mantinham consigo a mesma postura do antigo reino de Cabinda. Essa mesma respeitabilidade e poder despertaram o ódio e o medo de José Trancoso em relação à princesa. Como consequência, o fazendeiro torturou-a e estuprou-a até Zacimba admitir que tinha um lugar de grande poder anteriormente à invasão portuguesa. A princesa, por sua vez, envenenou José Trancoso com várias doses pequenas de um pó preparado com a cabeça moída de uma jararaca - o chamado “pó de amansar sinhô”-, tendo realizado a operação com muito cuidado para não colocar em perigo a vida de seus irmãos, já que os senhores muitas vezes obrigavam os escravos a provarem a comida deles antes.

Com a morte de José Trancoso, Zacimba ordenou a invasão da Casa Grande e todos os torturadores foram mortos, apenas a família do português foi poupada. Antes de fugirem, Zacimba guiou seu povo pela fazenda, guerreando contra os capatazes.

A revolta levou à fundação de um quilombo às margens do riacho Doce no Norte do Espírito Santo, hoje município de Itaúna. Este quilombo foi o primeiro de que se tem notícias na região do Sapê do Norte. Futuramente se formariam diversas comunidades de remanescentes quilombolas que lutam pela posse definitiva de suas terras. Dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos a navios negreiros no porto próximo à aldeia de São Mateus, libertando as pessoa negras recém-chegadas e destruindo os navios para dificultar a perpetuação do tráfico humano para o Brasil.

Persistente em sua luta pela liberdade, a princesa guerreira morreu invadindo um navio português, lutando pela libertação do povo de Cabinda.

Fontes: 

CRIOLO, Ceará. “Zacimba Gaba, a princesa angolana escravizada que lutou por liberdade.” Ceará Criolo. Última modificação a 2 de Março de 2021. https://cearacriolo.com.br/zacimba-gaba-a-princesa-angolana-escravizada-que-lutou-pela-liberdade-de-seu-povo/  Acesso em: 18/11/23.

DE OLIVEIRA, Jurema J. A Ancestralidade que nos Alimenta. v.1 n.4. Feira Literária Brasil - África de Vitoria - ES. Universidade Federal do Espírito Santo. 2021.

Fontes da imagem:

https://triplexvermelho.praxis.pro.br/index.php/sala-zacimba-gaba/ 

Responsável: Inês Guimarães, aluna em regime de intercâmbio na pós-graduação em Antropologia Social na FFLCH - USP