tereza

A resistência de uma mulher que lutou bravamente por seu povo

Tereza de Benguela foi uma importante líder quilombola na época do Brasil colonial, nascida por volta de 1700 na Província de Benguela (região oeste de Angola). Ela foi uma pessoa notável na resistência contra a escravidão e na promoção da autonomia e da cultura afro-brasileira. 

Tereza liderou por vinte anos (1750-1770) o Quilombo do Quariterê, localizado na região do Vale do Guaporé, no atual estado de Mato Grosso (MT), após a morte do seu cônjuge José Piolho, em 1750. Os quilombos eram lugares onde se preservava a cultura africana, já que os habitantes levavam consigo suas tradições, idiomas e práticas culturais.

Nesse contexto, o Quilombo do Quariterê foi um refúgio para muitos escravizados fugitivos e comunidades indígenas, tornando-se um espaço de resistência e autonomia. Nesse sentido, Tereza contribuiu para a preservação dessas identidades culturais em um contexto em que se tentava suprimi-las. Sob sua liderança, a comunidade prosperou e desenvolveu uma forma de organização social e política própria.

Entretanto, no  ano  de  1770,  Quariterê  sofreu  um  grandioso  ataque. Houveram  muitas  mortes  e os que sobreviveram foram capturados e levados à cidade de Vila Bela, onde lá  sofreram  humilhação  pública e devolvidos  aos  seus  respectivos  donos,  em   meio  aos capturados  estava  Tereza  de  Benguela. Não se tem registros de como ela morreu. Uma versão é que Tereza se suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770, e outra afirma que ela foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo. 

Ela se tornou conhecida  nacionalmente  no  ano  de  2014,  após  a instituição da lei 12.987, que foi sancionada no dia 2 de junho. Essa lei decretou o dia 25 de julho  como  dia  internacional  de  Tereza  de  Benguela  e  da  Mulher  negra.

Na exposição “Heroínas Negras Brasileiras” celebramos a importância de Tereza de Benguela como líder quilombola que resistiu à opressão e lutou pela liberdade e autonomia de seu povo, sendo um símbolo da resistência negra no Brasil e uma figura inspiradora. Além disso,  existem milhares de mulheres como a Tereza, e muitas dessas histórias de vidas estão fadadas ao esquecimento, por  isso  é  de  suma  importância  nos empenharmos  cada  vez  mais  para  que  personagens como a Tereza de Benguela não se percam e sejam esquecidas, como muitas outras já foram.

 

Fonte:

LACERDA, Thays de Campos. Tereza de Benguela: identidade e representatividade negra. Revista de Estudos Acadêmicos de Letras v.12 nº02, p. 89-96, 2019. ISSN: 2358-8403.


SANTOS, I. T.; SOUZA, L. T.; ROCHA, L. G. V. A.; LEÃO, L. G. S.; SANTOS, V. O.; CARVALHO, Y. J. N.; SANTOS, C. J. S. Ocupação Tereza de Benguela: um território de luta e resistência. Diversitas Journal, v. 6, n. 1, p. 1043–1066, 2021.

Responsável: Richardh Samuel Salvarani - Graduação em Letras: Português e Francês e estagiário da Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH/USP).