Maria Felipa de Oliveira foi uma importante liderança na resistência contra os portugueses nas guerras de independência na Bahia. A personagem tem grande notoriedade através da memória construída pela história oral, na Ilha de Itaparica – província da Bahia, onde nasceu e cresceu, apesar disso, são desconhecidas referências nas fontes sobre ela.
É descrita como escrava liberta, alta e corpulenta, usando saias rodadas, chinelas e turbante, teria se aproveitado dessas vestes para esconder armas, principalmente facas utilizadas em seu trabalho como marisqueira, pescadora e ganhadeira.
Ficou conhecida pela liderança de um grupo de cerca de 40 mulheres na resistência nas guerras de independência na Bahia. Ocupando um lugar fundamental para a vitória dos seus, dominando táticas obtidas com seu trabalho e conhecendo as terras, mangues e rios. Juntamente a essas mulheres, patrulhava dia e noite as praias e barcos portugueses que se aproximavam.
O grupo de mulheres, chamado de “vedetas”, formado de pescadoras, acostumadas a navegar pelos rios e conduzirem os barcos, enfeitados com flores e folhas da planta cansanção, que produz coceira e queimaduras intensas. As rebeldes teriam “seduzido” os soldados portugueses para surrá-los e os deter, evitando a tomada do território e queimando seus barcos, ação que teria sido decisiva para impedir que a região do Recôncavo fosse tomada pelas tropas portuguesas. Marcando a crucial participação feminina nas guerras de independência na Bahia.
Os confrontos pela independência na Bahia tiveram seu desfecho em 1823, e apesar de não se saber como Maria Felipa viveu após esse período, acredita-se que tenha vindo a falecer por volta de 1873.
Homenageando a líder rebelde, A Casa de Maria Felipa foi inaugurada em 2005, em Salvador – Bahia, no local, proposto para ser um centro de visitação, onde são realizadas exposições de materiais pesquisados sobre a heroína negra e de outras personalidades afro. Também homenageada no bloco de carnaval Afoxé Filhos de Nanâ, composta por uma ala formada por 40 mulheres, referência às “vedetas”. A Escola Afro-brasileira Maria Felipa de 2019, é uma iniciativa com o objetivo de valorizar as constituições ancestrais a partir de um projeto histórico decolonial. Em 2018, através da Lei 13.697/2028, o nome de Maria Felipa de Oliveira foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, junto a tantos outros.
Referências:
DAMASCENO, Karine Teixeira. 200 anos da Independência do Brasil na Bahia: Maria Felipa de Oliveira e outras tantas “guerreiras brasileiras”. Revista Angelus Novus, n. 17, 2021. p. 211819-211819.
SILVA, Cidinha da. 200 Anos de independência e suas heroínas: Maria Felipa de Oliveira, uma mulher negra na luta pela Independência na Bahia. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, São Paulo, n. 15, dez. 2022, p. 113-117.
SANTOS, Lucas Borges dos. Maria Felipa de Oliveira. Revista Virtual Resgate da Memória: Dois de Julho, Salvador, ano 1, n. 2, jul. 2014, p. 30-33.
KRAAY, Hendrik. Muralhas da independência e liberdade do Brasil: a participação popular nas lutas políticas (Bahia, 1820-25). In: MALERBA, Jurandir (org.). A Independência Brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Fgv, 2006, p. 320.
Responsável: Vitor Cruz Santos – Graduação História (FFLCH-USP)