Dona Nina e a Luta pelos Direitos Trabalhistas

Fundadora do primeiro sindicato de empregadas domésticas do Brasil, em 1936, Laudelina de Campos tornou-se a maior expressão da luta desta que é uma das principais categorias de trabalho ligadas às mulheres negras.   Nascida neta de escravizados, no ano de 1904 em Poço de Caldas (MG), Laudelina teve, desde a infância, uma vida marcada pela questão racial. Por isso, desde cedo Laudelina se viu ligada à luta contra o racismo, e aos 17 anos foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, clube fundado pela própria e que buscava promover atividades culturais para negros e negras. 

Essa característica de organizadora coletiva não ficou na adolescência. Na década de 30, sua atividade política se dá de modo mais organizado, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e atua na Frente Negra Brasileira (FNB). Com essa experiência e proximidade com os grupos políticos que funda o, já citado, primeiro sindicato de empregadas domésticas do Brasil, em Santos (SP).

Essa luta pela organização política das empregadas domésticas não vinha apenas de uma concepção classista, mas anti racista também. Não se tratava apenas das más condições de trabalho, como um resquício da escravidão, segundo Laudelina.

Dona Nina, como passaria a ser conhecida, diz em entrevista: "A situação da empregada doméstica era muito ruim. A maioria daquelas antigas trabalharam 23 anos e morria na rua pedindo esmola. Lá em Santos, a gente andou cuidando, tratou delas até a morte. Era um resíduo da escravidão, porque era tudo descendente de escravo".

Após tantos anos dedicados à luta pelos direitos trabalhistas das empregadas domésticas, Laudelina viu, em 1988 o reconhecimento das empregadas como profissionais e o reconhecimento legal de sindicatos da categoria. Mas foi apenas em 2013, com a ‘PEC das domésticas’, que a categoria teve acesso à direitos semelhantes ao conjunto dos trabalhadores CLT’s. Essas conquistas têm, sem dúvida, a marca de Laudelina de Campos Melo. 

Responsável: Marcos Vinícius Andrade de Moura. Graduando em Letras: Português/Alemão e estagiário da Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH/USP).