HELENIRA

Dos Palanques Estudantis ao Araguaia

 

Um dos nomes mais importantes da história do movimento estudantil brasileiro é Helenira Resende de Souza Nazareth, mais conhecida como ‘Preta’ entre seus colegas de militância, ou Fátima como codinome na Guerrilha do Araguaia. 

Comunista e militante contra a ditadura militar, Helenira começou no movimento estudantil secundarista na cidade de Assis (SP), onde fundou e foi eleita presidente do Grêmio da escola na qual estudou e foi, segundo uma professora, “estudante nota cem”. Depois, passou a atuar no movimento universitário, quando tornou-se estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP).

Ótima oradora, logo tornou-se uma das principais lideranças estudantis, sendo vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no fatídico ano de 1968, ano do AI-5, da Batalha da Maria Antônia e de sua segunda prisão, junto a outros 800 estudantes, no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP). 

Em 1972, Helenira foi com a Ação Popular — organização política na qual era militante — para a Guerrilha do Araguaia, movimento que buscava a derrubada da Ditadura Militar através da tática de guerrilha rural, buscando com isso encorajar a população para se armar e lutar contra os militares. 

A guerrilha empreendida na região amazônica, na divisa entre Pará, Maranhão e Tocantins, não obteve sucesso e, no mesmo ano de 1972, Helenira, junto a outros companheiros, é assassinada pelos militares.

Seu legado político, junto ao fato de ter sido uma das principais dirigentes políticas do movimento estudantil em uma época em que os negros eram raríssimas excessões nas universidades públicas, é suficiente para compreender a importância de Helenira na história de lutas do povo negro no Brasil. 

E apesar de não ter sua luta vinculada diretamente à questão racial, Helenira Resende é uma das importantes heroínas negras que lutou contra a opressão; em seu caso particular, a luta contra a ditadura militar. 

Responsável: Marcos Vinícius Andrade de Moura. Graduando em Letras: Português/Alemão e estagiário da Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH/USP).