Dandara, a guerreira dos Palmares
A história dessa heroína se mistura e se confunde com as lendas e mitologias sobre o Quilombo dos Palmares, assim como com a própria história da resistência negra no Brasil. Devido a falta de registros oficiais e de evidências históricas sobre a guerreira, existem divergências entre historiadores sobre a real existência de Dandara. Muitos questionam sua existência e acreditam que ela possa ter sido criada como um mito, para ser a parceira de Zumbi dos Palmares, ou que foi confundida com outra liderança do quilombo. Outros acreditam que Dandara possa ter sido deixada de lado na historiografia brasileira devido ao machismo.
Mito ou não, a história de Dandara é repetidamente contada e está viva e consagrada dentro do imaginário popular, se tornando uma inspiração e um símbolo de resistência até os dias atuais.
Não há consenso sobre a origem de Dandara, se ela teria nascido no continente africano ou no Brasil, mas muitos acreditam que ela tenha ascendência Jeje Mahin, nação africana no Benin e que, ainda muito jovem, teria se unido ao Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, onde hoje é o estado de Alagoas mas, na época, fazia parte da capitania de Pernambuco. Dandara então teria se tornado uma liderança ativa no quilombo, participando das tarefas da comunidade, da elaboração de estratégias de defesa e resistência e atuando nas batalhas, sendo considerada uma habilidosa e destemida guerreira.
Por lutar de forma incansável pela liberdade, Dandara de opôs ao acordo de paz proposto pelo governo da capitania de Pernambuco e assinado pelo então chefe de Palmares, Ganga-Zumba, em 1678, que tinha como proposta a concessão de um terreno para a moradia dos habitantes do quilombo, em local um local escolhido por eles, a liberdade daqueles nascidos em Palmares, a devolução das mulheres e guerreiros capturados e o direito ao comércio, mas, em troca, os obrigava a entregar todos os escravizados fugidos que procurassem por abrigo no quilombo. Por se tratar de um acordo de liberdade para poucos e não uma proposta para o fim da escravidão, Dandara e Zumbi foram contra o tratado e acabaram por se aliar, o que resultou no apoio de outras lideranças e foi essencial para o rompimento de Zumbi com seu tio Ganga-Zumba.
Dandara então tornou-se companheira de Zumbi, com quem teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Durante a liderança de Zumbi, ela ajudou a retomar o conflito com as autoridades coloniais, liderando homens e mulheres em batalhas contra os portugueses. Reconhecida como uma guerreira obstinada e um ícone do combate a escravidão, acredita-se que Dandara tenha morrido em 06 de fevereiro de 1694, durante uma invasão a Palmares pela tropa do bandeirante Domingos Jorge Velho. De acordo com relatos, quando encurralada à beira de um abismo, Dandara teria se jogado do penhasco, preferindo a morte do que se render e voltar a ser escravizada.
Fontes:
CAETANO, Janaína Oliveira; CASTRO, Helena Carla. Dandara dos Palmares: Uma proposta para introduzir uma heroína negra no ambiente escolar. REHR, Dourados, MS. V. 14, 2020.
CARDOSO, Anna Carolina et al. Narrativas Negras – Biografias ilustradas de mulheres pretas brasileiras. ed. 1, Voo, 2020.
Responsável: Nicole Pinho de Andrade (Mestranda em antropologia social - FFLCH/USP)